Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2008

Ondas

Ondas alterosas, revoltadas

Lançam-se contra as rochas tonitruantes

Rochas absortas, nem expectantes

Ondas, mãos verticais, atiradas ao Céu

Em preces perdidas

Insistentes

Desistentes

Ondas homéricas, sanguinárias

Tantas mortes, tantas e várias

Destruições, maremotos, naufrágios

Reais e presságios

Ondas temerosas, monstruosas

Ondulantes onduladas

Desenvoltas espraiadas

E já tão alvas, tão belas

Atiram-se às quentes areias

Que as atraem, quais sereias

Deitam-se e e enteiam-se

Ao calor do Sol

Tão fracas, tão sensíveis

Sensações impossíveis

Calmas, cada vez mais calmas

Esquecidas da revolta e dor

Longínqua a agonia

Beijam a praia

Inspiram a maresia

Sentem o Sol, a areia, o calor

Essa sinfonia

Esse Mar de Amor

Publicado por Isabel Sá Lopes às 16:40

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Ladainha

É vicioso, empastado, malcheiroso,

Por sua causa

o céu não é azul

o ar perdeu o tom e a limpidez

do mar a espuma preta

empresta, invade o areal

Por sua causa

fazem-se e desfazem-se guerras

criam-se e não se cumprem leis

Por Ele

o homem esquece o outro homem

o homem inventa um Deus

Ó Deus Petróleo

como te adoram e bajulam todos

Ó Deus Petróleo

Como são ricos os que em Ti confiam

Ó Deus Petróleo

Como se ajudam os que Te contêm

Ó Deus Petróleo

Como se desprezam mais e mais os outros

Ó Deus Petróleo

Não quero acreditar em ti

Insisto em acreditar no Homem.

 

Isabel Sá Lopes

 

Publicado por Isabel Sá Lopes às 16:33

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Sábado, 27 de Dezembro de 2008

Mar e Fogo

Mar e Fogo

 

Horizonte de vermelho e fogo

Longe o mar a arder

Mar e céu num abraço apertado

O nosso olhar desfraldado

Absorve esse cenário em brasa

Parece um aquário a arder

E o sol esconde-se a rir

Inferno e Beleza a unir

O infinito tornado finito

A cor, o tom abrasador

O olhar lançado ao fundo da imagem

Tão longe essa real miragem

À beira-mar a praia é um deserto,

Toalhas, bolas, crianças já não há

Cansada sumiu-se a miudagem

Fiquei sentada na areia molhada

A sentir a bênção da água cálida

A sorver o silêncio imenso à minha volta

O mar sem qualquer revolta

Vai e volta devagar

Vai e volta ao mesmo lugar

Ondas pequenas, amenas, voláteis

Sensações periféricas, feéricas

E o mar a arder

E o mar a amar

O sol a chispar fogo

Eu a querer ficar

Eu saber que é tarde

Eu não querer perder

Esse sol primeiro

Esse sol braseiro

Querer, absorver

Esse céu que arde.

 

Isabel Sá Lopes, 2008

Publicado por Isabel Sá Lopes às 16:36

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